quarta-feira, 21 de novembro de 2012

0

SUSPEITOS DE MATAR AGENTE SÃO IDENTIFICADOS


A Polícia Civil retomou as investigações e já sabe, inclusive, quem são os responsáveis pela morte do agente prisional. Ao G1 , a delegada da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que comanda as investigações, Anaíde de Barros, afirmou que ouviu detentos, agentes prisionais e policiais militares. “As provas documentais, a perícia e as oitivas realizadas já dão para elucidar o que realmente aconteceu naquele dia”, afirmou.

O inquérito, no entanto, não foi concluído, segundo Anaíde, porque uma testemunha ainda precisa ser ouvida. “Nos próximos 10 dias eu creio que vou encerrar esse inquérito e vamos divulgar quem são os responsáveis pela morte do agente”, destacou.
O motim ocorreu quando os presos dos raios 2, 3 e 4 deixavam as celas para serem atendidos pela Defensoria Pública e pelo setor clínico da unidade prisional no dia 20 de junho de 2011. Um grupo de 25 reeducandos iniciou o motim no corredor central da unidade e fez refém três agentes prisionais, entre eles, Wesley Santos que atuava no terceiro plantão na unidade.
A morte de Wesley causou polêmica e estranhamento entre as instituições da segurança pública de Mato Grosso por conta de divergências na causa da morte da vítima. O então secretário de Gestão Penitenciária, José Antônio Chaves, deixou o cargo um dia após ter afirmado que o agente teria sido morto por disparo de espingarda usada pela Polícia Militar. “Só os PMs estavam com esta arma”, afirmou o secretário à época.

A declaração de Chaves contrariou a conclusão de um laudo divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) dois dias depois da morte do agente. O documento concluiu que um golpe de arma artesanal atingiu o coração de Wesley e a agressão teria sido preponderante para a morte dele. Em decorrência do golpe, segundo o laudo, o agente perdeu muito sangue e morreu.
Dois meses depois do fato, outro laudo elaborado pela Criminalística da Polícia Civil apontou que não foi encontrado sangue do agente nas armas artesanais supostamente utilizadas para matar Wesley.  AoG1 , a delegada Anaíde de Barros preferiu não revelar se um novo laudo foi feito para confrontar as conclusões dos anteriores. 
Além do agente, o reeducando Uenes dos Santos, de 22 anos, também morreu durante o motim na penitenciária. Conforme informou o laudo do IML, a morte foi causada pelo tiro disparado da escopeta de um dos policiais militares que tentavam acabar com o motim. Ele morreu por perda excessiva de sangue.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso, João Batista, a pergunta que ainda falta ser respondida é de que forma o agente prisional foi morto. “É interessante saber como ele morreu. Eu não posso provar, mas se ele tivesse sido morto pelos presos a morte teria um peso. Os presos alegaram que não foram eles. Se for comprovado que o tiro partiu da PM é diferente porque o disparo não foi proposital porque os PMs estavam tentando tirá-lo das mãos dos presos”, explicou Batista.
Ainda para Batista, a morte de um agente prisional durante um motim,  que não acontecia desde 1989 reflete a falta de estrutura do sistema prisional. “Na Penitenciária Central existem dois mil presos que são vigiados por apenas 15 agentes. Mesmo com a morte do Wesley, a insegurança e a superlotação ainda continuam”, destacou o representante dos agentes prisionais.

Indenização 
Dona Dirce tenta provar na Justiça há mais de um ano que tem direito à pensão no valor de R$ 886 pela morte de Wesley. Doente e sem renda, ela disse ao G1 que dependia da renda do filho para viver. “Ele era meu único filho solteiro. Não deixou filhos e me ajudava muito em casa. O estado quer que eu prove que ele me mantinha financeiramente. O Wesley sempre me ajudou. Quando não trabalhava vendia picolé na rua para ajudar em casa”, afirmou.
A família ainda entrou na Justiça com um pedido de indenização contra o governo de Mato Grosso. Na ação, a mãe da vítima pede R$ 283 mil como reparação. "A Justiça tem que ser feita. Quem tirou a vida dele tem que ser punido", finalizou a mãe da vítima ao G1 .
Para ler mais notícias de Mato Grosso, clique em g1.globo.com/mt 

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

:a   :b   :c   :d   :e   :f   :g   :h   :i   :j   :k   :l   :m   :n   :o   :p   :q   :r   :s   :t