Quando a chuva é intensa e a escuridão imensa, essa é a hora ideal.
Comandos, Brasil!
Comandos, Brasil!
Maio, clima frio da noite de um belo sábado de 2014.
Eu e minha amada esposa estamos no aconchego de nosso lar conversando, sorrindo de coisas banais ao assistir a um filme; havíamos planejado ir a um restaurante e já estava na hora de nos aprontar para isso.
De repente meu celular toca. Do outro lado da linha é um de meus brothers, codinome: "Golf", do Grupo de Intervenções Rápidas do Sistema Prisional. Ele informa que fomos acionados a “AGIR” para controlar uma crise instalada por presos da unidade prisional local.
Fim dos planos de final de semana.
Rapidamente pego meu equipamento operacional, nada além do necessário; abraço minha amada, tento tranquilizá-la, beijo-a apaixonadamente e nos despedimos. A tensão sempre aparece, mas, com o passar do tempo, nossas famílias aprendem a conviver com emoções adversas. Entro no meu Classic 94, 2.0 e acelero em direção à confusão.
Nessas horas é preciso ter tranquilidade, sangue frio e muita habilidade para vencer o trânsito sem colocar vidas de terceiros em risco. Não dá pra seguir em velocidade comum porque a possibilidade de agravamento da crise é real.
Enfim, chego ao QTH de muriçoca - local da
crise - onde, juntamente ao restante do pessoal
tático, equipamo-nos com o equipamento de ação.
Todos estão cheios de vontade para cessar a balburdia criminosa, e isso fortalece o grupo mutuamente.
Antes de entrar, saudamos a Deus com nossas orações pedindo que Ele guie todos os nossos atos e palavras.
Os presos berram gritos ameaçadores, tentam quebrar as celas com chutes, ameaças de todos os tipos contra agentes de segurança, Diretores e Magistrados; o barulho é ensurdecedor.
É nessa hora que comprovamos o que já foi provado: o caráter de quem está conosco "ombro a ombro", nenhum tremor, nenhum temor; tudo o que se vê nos olhos dos honrados guerreiros é a força de caráter e a vontade de "chegar chegando":
Finalmente ouvimos a tão deseja ordem para avançar:
A granada de efeito moral anuncia nossa entrada, seguimos em célula tática.
Os presos foram silenciados, porém, para eles, é tarde demais.
Cela por cela, o bloco foi sendo reconquistado e os criminosos foram sendo direcionados ao pátio.
A cada cela que abordávamos, víamos destruição generalizada,
material do Estado destruído, rasgado e queimado; parede quebrada, etc..
A célula tática continua avançando e o território vai sendo retomado.
O último criminoso é colocado no pátio; o guerreiro cujo codinome é PAPA dá o sinal de vitória: "DOMINADO!" e todos os Agentes respondem em uníssono: "DOOMINÁADOO!!". A primeira parte da missão foi cumprida com êxito.
Três horas da manhã do dia seguinte, todos os amotinados estão no pátio e todas as celas foram revistadas.
Os presos ouviram todos os mandamentos legais que legitimaram a ação do Estado através dos Agentes de Segurança;
Os presos ouviram, também, todas as orientações quanto à preservação
da ordem e da disciplina prisionais; posteriormente, foram realocados em suas
celas.
O cansaço não tira nossa satisfação pelo devido cumprimento do Dever:
Mais uma vez preservamos a segurança pública.
DOMINADO!
Codinome do Autor: PAPA
Há muito que se fazer para apagar o mito que ainda reina
entre a população quando se fala sobre o serviço de Segurança Prisional. A
grande maioria da sociedade alimenta crenças pré-históricas sobre esse tema.
É preciso fazer um trabalho informacional público, através
da mídia em geral, para que a sociedade saiba que não existem mais carrascos
nem carcereiros;
Que atualmente o que há, são Profissionais de Segurança
Prisional qualificados e treinados para custódia de presos.
Tais profissionais são pessoas inteligentes, com visão
humanizadora, bem formados com cursos de graduação, pós-graduação, doutorado,
mestrado, e outros, em diversas áreas, além das qualificações estritamente
profissionais.
Porém, infelizmente, apenas os
próprios profissionais de segurança prisional enxergam essa realidade e vêm a
importância desse tipo informação chegar ao público.
Quem está levando vantagem com a DESINFORMAÇÃO social
sobre o atual perfil profissional e pessoal dos ASPENs?
Será que usam essa desinformação para ter a quem culpar
pelas falhas institucionais?
Esse texto relata um pouco do que profissionais de
segurança prisional vivem, e que apenas alguns, dentre os que não fazem parte
da profissão, chegam a saber.
Deus Abençoe e Proteja todos os profissionais de segurança
prisional e suas famílias.
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